quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"O homem mandou Saudações!!" disse-me Rafael Martini


Um dos maiores músicos de todos os tempos,sem sombra de dúvidas!Há muitos anos Egberto Gismonti não gravava,ou apresentava um registro fonográfico para o grande público.Desta feita o fez duplo. O nome do disco é uma alusão ao nome de um samba,"Saudações",que ele fez ,com letra de Paulo César Pinheiro,para o disco "Nó Caipira",em homenagem ao grande João Gilberto.
No disco 1 Egberto, gravou com a orquestra feminina cubana a Camerata Romeu,onde compôs temas que traçam o panorama da cultura brasileira muito calcado no universo de Guimarães Rosa. Egberto já havia apresentado esse mesmo show com a sinfônica de Minas,concerto esse que tive a oportunidade de assistir e ficar chapado.
No disco 2 ao lado do filho Alexandre Gismonti,eles fazem um duo de violões.Ele no de 10 cordas e o filho no de 6 cordas.Nesse disco,Egberto regrava alguns temas maravilhosos,como "Lundu","Mestiço e Cabloco","Carmem","Zig&Zag","Dança dos escravos" e um belíssimo solo de violão de Alexandre em "Palhaço".
Vale a pena comprar e até baixar da Web!
Moçada é um belo disco! Belo retorno fonográfico!E me parece que vem mais por aí!

Saudações!!!

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A OUTRA CIDADE


Ainda não é a data pra comemorarmos 10 anos de nada.Nada de datas redondas mas,é preciso que se rememore algo tão importante ocorrido em 2002 em BH,na música mineira. Acredito que diretamente contribuiu para que os holofotes da imprensa,da crítica musical se antenasse para o que estava sendo produzido e ,até então,não tinha a visibilidade merecida.Quer seja pela desorganização da classe,até aquele momento,quer seja pela produção musical na época que não atraira a atenção da mídia.Falo isso de própria imprensão e de cosntatação e também de conversas com gente desta geração.
De repente,"do nada" surgem mais de 60 compositores,intérpretes,instrumentistas do mais alto gabarito,num projeto audacioso,arrojado e necessário,cuja alcunha era "Reciclo Geral". A maior movimentação musical surgida em Minas após o Clube da Esquina,segundo os críticos especializados.Também fiz parte desse processo em que muitos apresentavam-se pela primeira vez um trabalho conceituado,inédito ao grande público.Foram dois meses no Bar Reciclo Asmare.Todas às quartas,lotado para se ouvir música inédita. Os caminhos eram muitos.A produção caudalosa.Um universo híbrido de muita qualidade musical.
Isso pra dizer de um disco que representa bem essa época e que,na minha concepção,é um dos melhores discos de música brasileira dos últimos anos: A OUTRA CIDADE.Disco de Kristoff Silva, Makely Ka e Pablo Castro. Um coletivo que abrangeu grande parte dos artista do movimento ,embora muitos outros tantos ainda não tenham participado do mesmo.
Vale aqui a sugestão pra baixar e ouvir esse grande disco.

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Abraços e até mais! É isso!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O SAMBA DO COMPOSITOR - Wilson Moreira,Nei Lopes e Délcio Carvalho....







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http://rapidshare.com/files/102131136/UQT1980_A_Arte_Negra_de_Wilson_Moreira_e_Nei_Lopes.rar







Sem comentários.Apenas sugiro que ouça,como antigamente,onde sentávamos (eu ainda mantenho essa tradição) pra ouvir a boa música.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Divino Quintal...


(foto do orkut - roda viva)

É sem dúvida a vez do samba. Do samba mineiro,da periferia,do asfalto. Todos juntos!
Domingo,como todos os meus domingos,fui ao bairro São Marcos na Roda Viva,projeto encabeçado pelos meus parceiros do Na Cadência(Dé Lucas,Vagno Pico e Pedro Lopes),Arthur Carvalho e Marina Gomes e ,brilhantemente ,produzido por Josi Costa (A nega mais bonita do mundo!).
Sob os cuidados do anfitrião Serginho Divina Luz, o quintal de sua casa,protegido pelas mangueiras e o axé de Mãe Nelza , comida feita ao fogão à lenha ,fazem das tardes de domingo uma verdadeira festa do samba. Onde o samba se realiza com o frescor dos novos compositores e a reverência à tradição do samba brasileiro.

Da Velha Guarda aos sambistas mais antigos ,aqueles sambistas de Minas que foram influenciados pelo movimento do Cacique de Ramos,se fazem presentes todas as tardes: Nonato,Fabinho do Terreiro,Cabral,Toninho Geraes (que levou seu CD novo “Preceito”),Barrão...e muitos outros.
Essa é a receita para todo o sucesso do projeto que tem como objetivo ,claro e evidente,colocar o samba de Belo Horizonte num lugar merecido e digno compatível a qualidade da atual produção que se faz presente na cena mineira.

Sinto de volta o gosto e a cultura do samba. Independente de modismo (ouço dizer que o samba tá na moda. Escuto isso há mais de 20 anos!!), o samba se fortalece quando gerações celebram a música,num mesmo ambiente, num mesmo teto. É isso que acontece lá no Divina Luz, cultura do samba.
O público é cada vez maior e diversificado. Gente da zona sul,zona norte,da Europa,África... e outras de outras quebradas baixam lá ,no São Marcos, todos os domingos.

A roda fez um ano e haverá comemorações no Curral do Samba,outro templo sagrado do samba belorizontino que está retomando suas atividades, ou melhor intensificando.

Nomes já vêm despontando na roda e sucessos já sendo incorporado ao repertório afetivo do público. Sambas como “Clarear” de Dé Lucas, “Respeito à Madrugada” de Bruno Vidal, “Filho da Madrugada” de Dé Lucas e Fábio Martins, “Coração fechado” de Pedro Lopes, “Em nome de Deus” de Arthur Carvalho, “Três é demais” de Dé Lucas e Marina Gomes, “Casa de Nego” Bidu ,Heleno Augusto e Dé Lucas e “Mano Zumba” e “Oratório” sambas meus que sempre boto na roda também. Isso pra citar alguns entre tantos que rodam no quintal.

É isso!

Para saber mais sobre a roda, basta seguir o blog da moçada: http://projetoeucantosamba.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"A culpa é sua!!!"


Há um lugar no Aglomerado Serra que freqüento desde moleque: O Bar do Cipó! Dizem as más línguas que aquele boteco,carinhosamente chamado de Farmácia do Cipó,acabou com a minha carreira futebolística. Ouvia comentários na beira dos campos: “Tá bichado!!”,”...também,não saí do Cipó!”, “ ih...tá com nada”... Confesso que ficava magoado e ofendido! Meu futebol despencava ladeira abaixo ,mas não era por causa do que eu consumia no Cipó. Imagine: como um inofensivo Guarapan e Pão com Maçã de Peito,poderia me prejudicar meu futebol? Era fase pô! Tava atravessando uma má fase.Tá certo que durou mais de 15 anos essa má fase mas,no Departamento Médico do Clube constatou Labirintite.Tarde demais pra desfazer os boatos. Fui ser Engenheiro,Artista Plástico e nas horas vadias, músico. Enfim,to músico até agora!

Bom, no sábado teve uma edição do No Morro ao Asfalto,aqui no Aglomerado Serra. Tava tudo lindo,pessoas lindas,música linda,chuvisco lindo,....tudo perfeito! Deu fome! Fui apresentar o Bar do Cipó pro meu amigo Nego Véio. Entro no boteco. Vi olhares estranho do sócio do bar,meu amigo de infância (fomos mascote do Galo quando crianças),me olhando atravessado. Olhei pra vitrine pra ver o que tinha.Se a Maçã estava no ponto ou se iria sair mais uma panelada. Antes de dirigir a palavra e apresentar meu amigo ele mandou à queima roupa: “ A culpa é sua!!!” e eu: ‘ q thah conthê cenah? (estilo miguxu,segundo meu amigo Sidarta)’. E ele continuou me acusando: “é você que ta fazendo essa bagunça aí?” ,falei: ‘diretamente,não mas...” ele entrou de voadora: “acabou tudo aqui no bar”,pensei e lancei: “ótimo ,não?” e ele de fora da área apontou pro fundo do bar: “ então leva esses filho da puta pra sua casa!!”.Olhei pro canto e tinha uma turma da pesada, daqueles que não tem fundo,fígado,esôfago,palato,pâncreas,...quase seres oníricos,todos também amigos meus ,falando ou tentado,no fundo do bar muito alterados. Eles, quando não comem,não vão pra casa por não terem forças suficiente. O pior é que a cerveja havia acabado e só tinha “51”, “Chora Rita”....tudo combustível pesado. Vi o desespero do meu amigo. Confesso que fiquei comovido. Até lágrimas caiu no jaleco dele. Enfim. Mas tudo tem o seu lado bom,que dizer de consolação.Fui solidário ao meu parceiro. Disse a ele: relaxe olhe a felicidades deles...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Macarrão ao Tombo


No feriado de finados não amanheci em casa,pra variar um pouco. Depois de sessões ininterruptas de sambas, desde de sexta,vi meu próprio fim no dia 2 de Novembro. Pedi paciência aos meus Orixás. Prometi maneirar na farra. E olhem que nem bebo ou uso entorpecentes. Cheguei em casa e numa questão de segundos estava num sono profundo.Parecia pedra,barra de ferro,...sei lá,algo com características inanimadas.

Jonas!!!! Jonas!!!! A Ana te ligou! Liga pra ela quando você levantar!”...Palavras de minha mãe,juro. Passaram-se horas (ou dias?). Levantei exausto, com dificuldades de reconhecimento do lugar,com muita coisa mas,muita coisa mesmo no chão do quarto.Ainda tentando me recuperar do nocaute e da maratona de samba,fui restabelecendo minha consciência 3 horas após acordar .Isso era 15h desse mesmo dia. Fui me lembrando,lembrando...lembrei até de coisas de minha infância mas,o mais importante havia esquecido. A árvore branca na parede azul,da casa de Ana Hadad,minha cumadre,madrinha junto com o Vini,padrinho do meu cachorro, o Pacote. Putz!!!

Há uns 2 ou 3 anos ,estive na casa de Ana e disse com o peito estufado,orgulhoso e decidido: ’ Amanhã sem falta pinto essa árvore!!’. É...

Bom o fato é que havia combinado ,novamente ,de pintar a árvore no feriado de finados. Ana fez toda uma produção digna dos grandes artistas ,com grandes convidados. Fez um almoço receita tradicional de família. Muita responsa!

Ana chamou o maestro Rafael Martini, a artista plástico,cantora e compositora Leonora Weissmann e o percussionista árabe-sulamericano Edson Fernando. Ah!!...todos amigos!! Mas ficou parecendo abuso. Matei o povo de fome,cheguei numa hora em que os belisquetes perderam o sentido e função, e a bebida etílica já havia alterado a visão de mundo de todos eles. Mas,me perdoram por que,afinal,o artista plástico pintaria a árvore branca na parede azul.

Nessas horas coisas incríveis acontecem. Vi que a Ana apresenta sinais de incompatibilidade organizacional na cozinha. Muitas vasilhas tomando rumo e lugares diferentes no cômodo mas,saiu-se bem,o rango ficou pronto. Confesso que não estava com fome ,havia tomado café,às 15h ,em casa (Ixi!!!). Como diz os mais humildes: “saí comido de casa,já. Muito obrigado”.

Ana depois de muita dedicação culinária,põe a mesa,ela e Loló. Tudo certo: salada,coisinhas,chás,bebidas e chega o prato principal: uma bela travessa de macarrão malandro de mais. Muito apetitoso e lindo de se ver!

Ana Hadad é uma mulher muito fina. Muito educada.Já comeu de tudo e de todos os pratos finos do universo. Então quaisquer coisas que ela fizer ,vou achar tudo fino,certo? Pois então. Ana chega com a travessa, tranqüila e serena,solene e feliz com todos e com o evento. Aproxima-se à mesa e...vira o macarrão sobre a mesa!!! Pensei: como é que se come isso???? Confesso que recenti ,da minha primeira vez ,que comi comida japonesa: o que fazer com esses palitos??? Comecei a suar frio e sem graça. Iria aproveitar da falta de apetite ,embora tenha aberto um cratera ao ver o macarrão,e iria desenhar a tal árvore.

Vi que todos reagiram imediatamente,em forma de socorro.Vi que era um acidente. Ufa! Ainda bem,por que realmente seria complicado comer macarrão sobre a mesa. Rapidamente o macarrão foi recuperado. Troca de toalha.Talheres todos novamente em seus devidos lugares. Rafael deu o nome de Macarrão ao Soco mas Edson ,com a destreza de um percussionista trocando de efeitos gritou: Macarrão ao Tombo.

Bom,isso tudo era pra eu pintar a árvore branca na parede que,devido às minhas demonstrações de cansaço e dificuldade ficar em pé após o almoço e a maratona se samba,jurei por minha mãe que faria a árvore azul amanhã!!!

É sério sô!!!

Nossa Majestade ,o Palácio e o Povo



Era o templo. O samba se fez digno num terreiro nobre de nossa cidade: A Fundação Clóvis Salgado recebeu ,no Grande Teatro ,nossa digníssima dama e rainha do samba brasileiro Dona Ivone Lara. Os batuques,os cânticos e lamentos trouxeram à pele arrepios e nostalgia.Todo mundo chorou.Todo mundo entendeu o canto vindo de algum lugar.Todo mundo cantou.

A comunidade do samba presente também foi algo e um ponto alto de toda a festa. Era a grande Kizomba, a verdadeira festa da Raça. Mestre Afonso,Heleno Augusto,Rudnei Carvalho,Paizinho do Cavaco,Dé Lucas,Arthur Carvalho,Serginho Divina Luz (Luz Divina),Vagno Pico,Pedro Lopes,Fabinho do Terreiro,Nonato, Cabral,Dóris,Dona Lúcia, Dona Jandira,Aline Calixto,Fábio Martins,Marina Gomes,Silvia Gommes,Renegado,Gil Amâncio,...entre tantas outras grandes presenças,importantes para a cena musical belorizontina e o samba mineiro.

Dona Ivone no camarim,após o show,bastante emocionada agradecia sem parar a grande festa que o público proporcionou. (Teatro lotado!!) Todos cantando seus sambas,todos lendo e vendo a história do samba. Estavam ali conosco seus contemporâneos:Silas de Oliveira,Roberto Ribeiro, Clementina de Jesus,Cartola,Nélson Cavaquinho... Era o samba na sua verdadeiro essência.

Deixo aqui os meus agradecimentos ao público que deu um verdadeiro show.Aos meus amigos e parceiros,companheiros de vida e jornada,Miguel dos Anjos e Dudu Nicácio. Aos músicos,extraordinários, Gustavo Monteiro ,Sérgio Danilo,Fernando Bento,Rafael Leite,Robson Batata, Frederico Lazarini ou Nego Véio (irmãozão!!!). À Produção Ultrapássaro em nome de Karina Nicácio a mulher mais ágil do mundo!!! Cris,Rubens,Mateusinho,Leonora Weissmann!!! Tem mais gente mas,minha memória não é boa pela manhã!!!

Ao Mestre Afonso que escreveu uma resenha linda sobre o pós-show
(http://www.otempo.com.br/blogs/?IdBlog=12 )! Coisa rara na imprensa! Grande Mestre!!! Salve a Mangueira!!!


É isso!!!



(foto de Cris Rocha_retirada de sua pág. no orkut. Valeu Cris!!!!!)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Repetindo a dose


Repetindo a dose novamente faremos um belo show com a rainha do samba. Dona Ivone Lara!! Tivemos a honra de dividir o palco com ela em Março desse ano em Campinas,numa noite memorável da música braileira pelo Conexão Vivo edição 2009. Muita emoção! Nessa noite estavam todos lá em nosso camarim pedindo bençãos a dama do samba. Tava o Naná Vasconcelos, Chico César, Markú Ribas, Otto, Patrícia Ahmaral,Babilak,Kiko Klaus e Black Sonora. Era uma verdadeira esquina brasileira. Uma aquarela. E como dizia Silas de Oliveira: "maravilha de cenário!!"

O show em si, foi sublime. Emoção à flor da pele. Confesso que já estava comovido antes mesmo da entrada dela. A cada canção que eu cantava e olhava para traz e a via sentada,calma nos observando,a garganta secava ,os olhos "rasos d'água". Meu parceiro Miguel dos Anjos chorava feito menino. Desabou diante de tanta história.

Foi a minha maior emoção no palco ,sem dúvida nenhuma. Agora vamos repetir a dose no grande teatro do Palácio das Artes.Templo da música brasileira. Das artes.
Vamos fechar com chave de ouro esse nosso projeto que já se estabelece e se firma como vencedor depois de passar por quatro cidades do interior de Minas,São Paulo e BH. Lembraremos lá de Riachão, Monarco,Noca da Portela,Nei Lopes, Walter Alfaiate, Moacyr Luz,Hermíno Bello de Carvalho...todos que são nossos parceiros e apoiadores no projeto desde sempre.

É isso! Apareçam!! O show será inesquecível!!!

Salve Wilson Moreira


Por simpatia e admiração,tenderia a gostar de Wilson Moreira. Coisa familiar,sinto. É mais um grande compositor do samba brasileiro .Sou Moreira por parte de pai.
Dia desses fui ao Samba do Trabalhador,aqui de BH. Roda comandada pelo meu cumpadre e aspirante a cunhado,Fernando Bento, Paizinho do Cavaco, Fabinho do Terreiro e os seus comparsas e com ilustre e fina participação de Gustavo Monteiro. Cheguei lá,no Pizza Bar, a pretexto de divulgar um show meu com a Dona Ivone Lara na semana seguinte. Aproveitando do tempo chuvoso dei uma esticada,pedi pro garçon uma tônica com limão e gelo( 50 centavos à mais por duas pedras de gelo degelada,enfim...). Muitos sambas. De surpresa dei uma canja.Pedi lincença e cantei dois sambas meus. Voltei e tomei mais outras tônicas. Nesse dia o grande Wilson Moreira estaria lá,participando da roda e cantando aqueles sambas maravilhosos,clássicos do nosso cancioneiro popular.

Ansioso demais pela chamada do Wilson eis que o Fabinho o fêz: "Wilson Moreia!!!"
Daquele momento em diante foi sublime tudo. Começou com a dobradinha mais entrosada da MPB: Nei Lopes e Wilson Moreira. "Gotas de Veneno", "Gostoso Veneno", "Morrendo de Saudade", "Senhora Liberdade",..."Meu Apelo" (essa quase me mandou pra Blitz do Candinho! Sufoco!!)...Daí a gente pára e começar a pensar,a passar um filme na cabeça da gente. Pra nós que somos compositores e que estamos no início da coisa e, escutando aqueles sambas todos...tantas vozes ali sendo reconhecidas naquelas palavras,sons... E uma coisa chama atenção nele e em tantos outros que tive oportunidade de trabalhar: o olhar simplório sobre as coisas,sobre a vida. As palavras e música juntas engedram ,nesse caso, em perfeita harmonia com o todo. A poesia, a malandragem tudo ali. Mais um samba,um após o outro...e é nesse embalo que fomos pela noite conduzidos pela pura palavra de um poeta.

domingo, 27 de setembro de 2009

Em Novembro ,finalmente chega o álbum nas lojas...

Uma curiosidade, assim dita à queima-roupa (adoro hífens!!! e recuso-me a atender à reforma ortográfica!), parece estratégia de marketing. E é ,de certo modo...
Indo direto ao assunto, quero dizer sobre o título de meu disco, que chega às lojas em Novembro.
O denominei Sambêro, por vários motivos. Enfrentei o pânico de amigos ligados ao samba, daqui de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro, principalmente, por ser um termo pejorativo, ou mal visto, por sambistas cariocas. Dizem ser alcunha dada a sambistas ruins. Que pensam que sabe de sambas, mas, não sabem nada! Enfim...
Curiosamente, esse nome foi me dado por um músico paulista, de outra vertente musical brasileira, sertaneja, o grande Renato Teixeira.
Pensei na famosa e histórica “rixa” entre São Paulo x Rio. Muita até pela forma carinhosa a que Renato Teixeira referia-me, e também pela reprovação dos amigos cariocas. Pus-me, sem maldade alguma, a pensar nessa possibilidade de todos os paulistas sambistas, serem sambêros. Por eles e pelos cariocas.
Mas fiz desse nome uma auto-análise, auto-avaliação e meu atual auto-retrato sobre minha obra e sobre o repertório apresentado nesse disco. Há sambas no disco, claro! Mas utilizando-se de outras ferramentas e estrutura musical, sem negar a tradição do lamento que o samba pede e exige ,porém ,vindo com o vigor dos Afro-Sambas.
Há também, frevo, maracatu e canções.
Trago nesse processo parceiros importantes para minha construção. Principalmente o frescor dado pelos craques João Antunes, Thiago Delegado e o maestro Rafael Martini. Arranjos que, notadamente, potencializaram o caráter composicional registradas no álbum. Além do mais, fiz com a banda do show, exceto com a baixa do Marcão do trompete, que ficara impedido de participar do processo.
Mas escalo o time: Rafael Martini, João Antunes, Mateus Bahiense, Pedro Trigo Santana, o trio de metais de ouro Diamond Land: Alaécio Martins, Jonas Vitor e Gilberto Júnior.
Ainda tive grandes participações nas faixas do disco com instrumentistas e cantores. Começo, ou continuo pelos instrumentistas: Antonio Loureiro, Daniela Ramos, Daniel Pantoja, Sérgio Saraiva, Pedro Aristides, Flávio Ferreira e Fábio Martins. Dos intérpretes tive a honra de sentir viva a canção feita. Titane, Silvia Gommes ,Carolina Araújo, Marina Bueno, Sérgio Pererê, Leonora Weissmann e Miguel dos Anjos. Ali senti o compositor realizado ao ver-me,face, dum espelho e ouvindo.
Há um ponto emocionante,especialmente,pra mim. Na faixa “Do Santuário ao Canjerê” montei um coral de responsa. Coral esse que fiz minha mãe imortal. Chamei de “Eco de Chaleira”. Veja o time: Silvia Gommes, Marina Bueno, D.Marli,Carolina Araújo,Luisa Morais e Janaína Moreno.
Sem falsa modéstia,ou dispensando-a fiz um ótimo trabalho.
Aguardem em breve disponibilizarei faixas no myspace do disco que é:
www.myspace.com/samberomestrejonas. Enquanto isso curtam o o www.myspace.com/mestrejonas !!!

Satisfação!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sambêro

O Sambêro com a guimba canta Donga a voz rouca soa tradição.

Na calunga alinhava com as congas e a palma aponta a direção:

“Anjo, seu cajado é de lodo e barro”.

“Manjo, vai rezar reza forte prum santo”

Num partido era dito, o cogito,

Alambique e guizos no sermão

E rezava, o Sambêro, à São Benedito

Leva o manto sagrado a procissão.

Uma leva de homens e meninos

Somem à noite e deixam um vão

E deságuam almas e ritos

O copo e vela branca na mão:

“Banjo, o seu solo é ingrato e manco”.

“Santo era samba rezado em banto.”

Saltam becos, manjedouras, marafonas

Seu califado é a mesa do centro de um bar

O Sambêro, ora lento, ora de medo

Se esmera o partideiro do lugar.

Sua mandinga é o pingado pro santo.

Na sexta-feira de branco, banho de descarrego.

A guimba na encruza, marafo e cânticos.

É mais um cai inteiro:

“Banjo, o seu solo é ingrato e manco”.

“Santo era samba rezado em banto.”

“Anjo, seu cajado é de lodo e barro”.

“Manjo, vai rezar reza forte prum santo”.